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Caso Sophia: veja o que disseram testemunhas no 1º dia de julgamento pela morte de menina de 2 anos

Sophia Jesus Ocampo morreu em janeiro de 2023; Stephanie de Jesus e Christian Campoçano respondem pelos crimes de homicídio empregado por maneira cruel e moti...

Caso Sophia: veja o que disseram testemunhas no 1º dia de julgamento pela morte de menina de 2 anos
Caso Sophia: veja o que disseram testemunhas no 1º dia de julgamento pela morte de menina de 2 anos (Foto: Reprodução)

Sophia Jesus Ocampo morreu em janeiro de 2023; Stephanie de Jesus e Christian Campoçano respondem pelos crimes de homicídio empregado por maneira cruel e motivo fútil. Christian também responderá por estupro e Stephanie, por omissão. Começa o julgamento da menina Sophia Jesus Ocampo Rafaela Moreira/ g1 O último julgamento do ano no Tribunal do Júri, em Campo Grande, é um dos casos mais aguardados dos últimos tempos. A morte da menina Sophia O'Campo, de apenas dois anos, em janeiro de 2023, que chocou o país. Nesta quarta-feira (4) e quinta-feira (5), estão no banco dos réus, Stephanie de Jesus e Christian Campoçano, que respondem por homicídio empregado de maneira cruel e motivo fútil. O padrasto também responde por estupro e a mãe da menina, por omissão. O conselho de sentença (jurados) está composto por quatro homens e três mulheres. A previsão inicial é de que o Júri Popular dure dois dias. O julgamento é presidido pelo juiz Aluízio Pereira dos Santos da 2ª Vara. Sophia morreu com dois anos em Campo Grande Arquivo pessoal/ Reprodução Durante o 1º dia de julgamento, nove testemunhas foram ouvidas. Veja o que falaram as testemunhas Christian Campoçano e Sthepanie de Jesus sentados no banco dos réus. Rafaela Moreira/ g1MS A primeira pessoa a prestar depoimento, a pedido da defesa de Stephanie, foi Cibele Amaral Pires. No testemunho, ela informou que era madrinha de consideração de Sophia e que conheceu a mãe da menina enquanto trabalhava ano com a ré em um shopping da cidade. “Sophia era uma criança que foi planejada e muito amada pela família. […] A Stephanie que eu conhecia não permitiria que a filha fosse morta”. O promotor José Arturo, questionou se a testemunha estava presente no local do crime ou ficou sabendo do que tinha acontecido. A testemunha relatou que o pai da menina teria abandonado a família e no começo não a ajudava financeiramente, além de desconhecer a informação de que Stephanie usava drogas. “Eu vi pelas reportagens o que aconteceu. A última vez que vi a Stephanie foi no dia 8 de janeiro. Depois que foi morar com Christian se afastou e que sempre andava deprimida”. Babington Viana durante depoimento Rafaela Moreira/ g1MS A segunda testemunha ouvida foi de acusação, sendo o investigador da polícia civil, Babington Viana. O profissional estava na equipe que foi acionada até a UPA Coronel Antonino, onde estava o corpo da criança. “No dia 26 eu estava de plantão e fui informado de que deu entrada na Upa uma criança sem vida e fomos até o local para colher as informações. A médica me relatou que mãe não apresentou nervosismos e falou que a filha estava passando mal quando chegou na unidade. Segundo o relato da médica, ela permaneceu calma até o momento que foi informada que iam chamar a polícia”. O investigador informou que no dia da morte da menina, a equipe de polícia foi atrás de Christian devido aos ferimentos da criança, mas não encontrou o réu na residência. Um tempo depois, o homem chegou e disse que “sabia que eles [polícia] viriam”. “Ele estava bem tranquilo e até dormiu na viatura. No trajeto até a delegacia, ele ficava falava sozinho que queria se matar e que não era um bom pai”. A defesa de Stephanie e Christian questionam o fato de não ter imagens de Sophia no momento em que ela chegou à unidade de saúde, sendo apenas relato de médicos e pessoas que estavam no local. A terceira e última testemunha ouvida no período da manhã foi o médico legista da polícia civil, Fabrício Sampaio de Paiva. O profissional foi responsável pelo exame necroscópico de Sophia e foi enfático ao afirmar que a menina estava morta há muito tempo, e que a causa principal foi um trauma da coluna. “Fomos procurando qualquer alteração que pudesse ter causado a morte. No caso da Sophia vimos no pescoço girava quase 360 graus, com trauma rádio medular. Observamos um trauma na coluna cervical. Outras alterações no corpo, mas como causa de morte foi o trauma na coluna. Ela também sofreu estupro em alguma momento da vida.” Durante a tarde, o Plenário foi reaberto às 13h34 e a primeira testemunha a ser ouvida foi Hortência de Oliveira Brandão, amiga de Stephanie há 8 anos. A testemunha informou que foi perdendo o contato com Stephanie desde o relacionamento dela com o padrasto da menina, mas diz que sempre teve a impressão de que Stephanie era carinhosa com Sophia. A segunda pessoa ouvida na tarde de quarta-feira (4), arrolada pela defesa de Stephanie, foi o psicólogo forense Felipe de Martino Gomes, que aconteceu por videoconferência, já que o profissional estava em Ribeirão Preto (SP). Durante o depoimento, o profissional informou que foram realizadas três entrevistas psicológicas, cada uma com 50 minutos de duração, enquanto Stephanie estava presa. Ele alegou que a ré indica possuir transtornos de stress pós-traumático, transtornos de ansiedade generalizada e episódios depressivos, além de observar sinais consistentes como a síndrome de Estocolmo no contexto de um relacionamento abusivo. Ainda conforme Felipe, o quadro psicológico de Stephanie é reflexo dos traumas que ela viveu desde a infância, incluindo o abandono parental e também um suposto abuso sexual que ela afirma ter sofrido de um namorado da mãe. Em seguida, a pedido da defesa de Christian, a terceira pessoa a prestar depoimento no plenário foi Thayse Capel, médica pediátrica neonatologista. A médica narrou que Sophia chegou morta ao hospital e, junto da equipe, decidiram chamar a polícia diante da suspeita de maus-tratos. “A primeira coisa que uma mãe faz ao saber que o filho morreu é olhar para o filho. Ela não tirou os olhos do celular enquanto eu falava com ela”, disse Thayse sobre o comportamento de Stephanie. Durant o depoimento, o promotor José Arturo Iunes Bobadilla Garcia leu o relatório feito por outros dois médicos no dia do atendimento de Sophia para que a médica diga se confirma ou diverge do relatório feito por eles. Ela concorda com tudo que foi descrito no relatório. A quarta pessoa a ser escutada durante a tarde foi Luciana, mãe de Christian. Durante o depoimento, ela informou que no dia 26 de janeiro, Christian mandou mensagem relatando que Sophia estava com dores abdominais, e indicou que o filho desse um medicamento para a criança, achando que era uma dor comum. Luciana relatou que aconteceu um episódio de agressão, durante uma confraternização, fez com que ela e o marido se afastassem de Christian e Stephanie. “A Sophia não queria comer com ela [Stephanie], ela ficou muito brava. Aí bateu nela [Sophia]. Ela sempre bateu de mão aberta. Aí levou ela pro quarto. E depois começou [a agressão], queria que ela dormisse à força. E eu entrei no quarto e falei, 'deixa eu levar ela lá pra fora'. E ela falou assim 'não, essa guria dá muito trabalho, você não conhece a gente que ela é'. E nós saímos. Aquilo acabou com churrasco naquela hora, acabou nossa confraternização naquela hora. E desestabilizou totalmente tudo. Porque depois desse dia, nem o Christian estava indo na minha casa”. A Assistente de acusação, Janice Andrade, pediu que Luciana detalhasse como foi a agressão a Sophia, que ocorreu durante o almoço de família. Luciana afirma que presenciou Stephanie sufocando a menina com um travesseiro. Janice questionou se, ao entrar no quarto, Luciana teria visto Stephanie forçando Sophia a dormir com o travesseiro no rosto e a resposta da testemunha foi sim. “Ela era muito... a Stephanie era muito de impor. Tanto que quando ela falava o nome da Sophia, era a 'Sophia de Jesus' o tempo todo, né? E aí nesse dia ela falava assim, dorme, dorme. Para com esse choro. E a Sophia gritava bastante. Aí eu entrei e falei, deixa que eu tiro ela, eu vou brincar com as crianças. 'Não, você não conhece essa guria'. Aí meu marido escutou e foi lá na janela e falou 'para com isso aí, para com isso agora'. Aí ela, acho que não gostou, pegou a Sophia, colocaram no carrinho e foram embora”. A quinta testemunha, arrolada pela defesa de Cristian, Mateus Siqueira da Silva, é amigo de longa data do réu. Durante o depoimento, ele informou que foi com Stephanie comprar cocaína na noite anterior a morte da menina e estava na casa da família nesse dia. Mateus confirmou que tanto ele, quanto o casal, consumiram álcool e drogas com as crianças na casa: Sophia e os dois outros irmãos. Mateus estava na casa com Christian quando ele recebeu a notícia de que Sophia estava morta e diz ter ouvido o réu se culpar pela morte da menina, “num momento de desespero”. “Tudo culpa minha, eu matei a Sophia”, diz ter ouvido Cristian falar. Mateus diz que viu quando Stephanie entrou no carro de aplicativo com a menina, no dia da morte, mas afirma que não deu para ver se a Sophia estava viva. “O rosto da Sophia eu vi, mas parecia que estava dormindo. Por isso não sei dizer se ela estava viva ou não”. A sexta e última testemunha ouvida durante a tarde foi Erick Douglas, também arrolado pela defesa de Christian. Durante depoimento, Erick informou que Sophia parecia apenas cansada e que Christian havia comentando apenas que ela "estava um pouco mal". Erick afirmou ao promotor que ficou sabendo da morte de Sophia por Stephanie. Ele chegou a ir na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), mas não a encontrou. Também foi na Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac) mas também não a viu. Os depoimentos foram encerrados por volta das 17h57. Caso Sophia Criança morreu com dois anos em Campo Grande. Redes Sociais/Reprodução Sophia Jesus Ocampos, de 2 anos, morreu no dia 26 de janeiro de 2023. Ela foi levada já sem vida pela mãe à UPA do Bairro Coronel Antonino. Segundo o médico legista, o óbito havia ocorrido cerca de sete horas antes. Em depoimento, a mãe confirmou que sabia que a menina estava morta quando procurou a unidade de saúde. O laudo de necropsia do corpo da menina, emitido pelo Instituto de Medicina e Odontologia Legal (IMOL), apontou que a causa da morte foi por traumatismo na coluna cervical e confirmou que Sophia foi estuprada. A declaração de óbito aponta que a causa da morte foi por um trauma na coluna cervical, que evoluiu para o acúmulo de sangue entre o pulmão e a parede torácica. O documento ainda diz que a menina sofreu "violência sexual não recente". As idas de Sophia à unidade de saúde eram frequentes. O prontuário médico da menina consta que ela passou por 30 atendimentos médicos em unidades de saúde da capital, uma delas por fraturar a tíbia. Veja vídeos de Mato Grosso do Sul: